segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

COMPANHIA TEATRAL DO CHIADO FECHA FAMAFEST DIA 20

AS VAMPIRAS LÉSBICAS DE SODOMA

Dizem-nos que “As Vampiras Lésbicas de Sodoma” é uma peça de grande sucesso do norte-americano Charles Busch. Mas, pelo que sei de experiência própria, “As Vampiras Lésbicas de Sodoma” é uma peça de grande sucesso da Companhia Teatral do Chiado, dado que esse espectáculo eu vi e tomei pulso ao êxito. Por mim próprio e pela reacção do público que esgotava a sala numa noite qualquer, quatro anos depois da estreia. Não sei, porém, se “conheço” a peça do norte-americano, pois esta versão a que assisti tem muito pouco de Broadway ou Hollywood e muito de Lisboa e Parque Mayer. Sem ter lido ou visto o original, o que depreendo é que o grupo do Teatro Mário Viegas agarrou na obra de Charles Busch para esta lhe servir de pretexto para duas horas de um grande divertimento, que fica a dever muito à “commedia dell’ arte” o correcto é dizer-se "Commedia dell'arte" e aos surrealistas (surrealistas), à revista do Parque Mayer e às grandes sátiras de “quid pro quo” e de trocadilhos linguísticos (e não só).
A intriga nunca é muito compreensível, e não se fica sequer aborrecido com o facto. Sabe-se que há duas vampiras lésbicas que desde os tempos de Sodoma se detestam e disputam entre si uma rivalidade doentia. Mas “uma rivalidade doentia”, nesta peça é o que há de mais “sadio”, pois tudo o resto é muito mais duvidoso. A paródia instala-se desde as primeiras cenas, as gargalhadas brotam espontaneamente, as situações atropelam-se no absurdo que as cria, as sustenta e as dá por terminadas, as cenas sucedem-se aparentemente sem ligação ou com uma ligação muito ténue, a crítica ao revivalismo vampírico apodera-se dos “quadros”, e as alfinetadas estendem-se um pouco por todo o lado, das universidades que ensinam arte dramática a bons preços aos políticos de reputação discutível, dos actores sem preparação, aos jogos sexuais mais refinados (ou mesmo aos menos refinados), mas a sucessão da galopada se é certamente cansativa para os actores, não fadiga o espectador que entra na cavalgada sem desfalecer, muito também pela qualidade dos actores e pelo gosto pela improvisação (controlada) de que todo o tom da representação dá mostras.
Como divertimento inteligente e crítico, não há nada melhor do que ver o prazer dos actores a representar, o gozo com que brincam com as palavras, com que esgrimem entre si situações embaraçosas que desembaraçam de forma airosa, como trocam insinuações e vitupérios, como constroem, destroem e reconstroem conjunturas cénicas, num aparente jogo de malabarismo dialéctico. Um lúdico libidinal que exorciza preconceitos numa “colagem” ou num “discurso automático” de inspiração surrealista, libertador e criativo. (Lauro António)

As Vampiras Lésbicas de Sodoma
(Vampire Lesbians of Sodom)
de Charles Busch

Com “As Vampiras Lésbicas de Sodoma”, a Companhia Teatral do Chiado orgulha-se de apresentar ao público português uma das mais originais figuras do “showbiz” da actualidade: o dramaturgo, actor, estrela de cinema, artista e romancista Charles Busch.
Foi com “As Vampiras Lésbicas de Sodoma” que Charles Busch se tornou famoso, corria o ano de 1984. O pequeno “Limbo Lounge”, em Nova Iorque, onde o espectáculo estreou, ficou minúsculo, havendo quem assistisse à farsa de Busch nas mais inconcebíveis situações, incluindo a de ficar no átrio a olhar para um ecrã de televisão. Depois as “Vampiras” passaram para um teatro mais a sério e... ficaram cinco (5) anos em cena!!
O sucesso explica-se. Numa época dominada pelo espírito da paródia pós-moderna, Busch inventa uma história vertiginosa que começa nos tempos bíblicos, em Sodoma, e acaba na sala de ensaios de um "musical", nos nossos dias. Inaugurando um processo que veio a durar vários anos, o próprio dramaturgo brilhou no espectáculo ao representar o papel de uma das deslumbrantes protagonistas!
Com “As Vampiras Lésbicas de Sodoma”, Busch traz ao palco um pequeno delírio de teatro popular onde o imaginário das histórias de terror se mistura com o “glamour” decadente do mito Hollywood e o universo exacerbadamente sexual dos shows de travesti. Mas no centro de tudo está o combate feroz entre as duas vedetas, sedentas do sangue que lhes garante a eternidade e envolvidas numa competição estranhamente parecida com a rivalidade ciumenta que é típica entre as grandes divas do cinema.
Por tudo isto, a “Companhia Teatral do Chiado” faz ao seu público uma sugestão bem simples: venham ao teatro, divirtam-se enquanto vêem uma magnífica comédia, mas... não se esqueçam de proteger o pescoço! 4º ano em cena!!!

As Vampiras Lésbicas de Sodoma
(Vampire Lesbians of Sodom)
Texto: Charles Busch
Tradução: Gustavo Rubim, Patrícia Marques, Vítor d´Andrade
Encenação: Juvenal Garcês
Interpretação: João Carracedo, João Marta, Manuel Mendes, Pedro Luzindro, Rita Lello, Simão Rubim
Cenografia: Juvenal Garcês, Miguel Sá Fernandes
Escolha de Figurinos: Juvenal Garcês, Miguel Sá Fernandes
Desenho de Luz: Vasco Letria
Sonoplastia: Sérgio Silva
Contra-Regra: João Carlos Marques, João Regallo Cândido
Caracterização do actor Simão Rubim: João Carlos Marques, Marco Ferreira
Produção: Companhia Teatral do Chiado
Direcção de Produção: Luís Macedo
Marketing e Comunicação: Nuno Santos
Gestão de conteúdos da página na internet: Duarte Nuno Vasconcelos
Blog: http://www.asvampiraslesbicasdesodoma.blogspot.com/
Classificação: M/12 anos.

1 comentário:

  1. Caríssimo Lauro António!


    Não sei se a programação do "Fama" já estará fechada, mas mesmo assim arrisco a propor-lhe o seguinte: uma articulação com o cineliterário no auditório da biblioteca municipal em que seria debatida uma obra literária das que tenho previstas para este ano de 2010 e que tenha dado origem a uma produção cinematográgica.


    Se for possível poderemos acertart os detalhes através do e-mail: claudia.sousa.dias@gmail.com

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